BRASIL: PGR DENUNCIA CARLA ZAMBELLI POR “INVASÃO”

Série Presidenciáveis: Henrique Meirelles

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Com longa trajetória no alto escalão de governos da esfera federal nos últimos anos, onde exerceu função de comando em grande parte das políticas econômicas, e dispondo de elevada credibilidade no mercado financeiro, Henrique Meirelles (MDB) se apresenta como um candidato experiente e preparado que saberá lidar com os desarranjos da máquina pública e com eventuais crises.

Já tendo sido presidente do BankBoston, em 1984, foi eleito deputado federal em 2002 pelo PSDB, renunciando ao cargo pouco depois, quando foi nomeado presidente do Banco Central do Brasil no governo Lula, onde permaneceu até 2010. Sua passagem, na maior parte do período, se mostrou exitosa, mantendo as medidas que constituíram o regimento institucional da política econômica estabelecido após o plano real, como o tripé macroeconômico. No entanto, entre 2003 e 2007, o Brasil se beneficiou de uma favorável conjuntura internacional, em que havia uma crescente e robusta demanda por commodities por parte da China, somada a uma política monetária expansionista nos EUA para financiar a guerra do Iraque, desvalorizando o dólar perante as moedas do mundo. Diante de tais fatos, a economia brasileira se fortaleceu, com aumento da produção impulsionado pelas exportações e com aumento do consumo, fundamentado em importações facilitadas e políticas de crédito capitaneadas por bancos públicos, que foram viabilizadas, sem que acarretassem em descontrole da inflação, pela valorização da moeda nacional perante o dólar. Em 2016, assumiu o cargo de Ministro da Fazenda no governo Temer, onde trouxe credibilidade para a condução da política econômica e contribuiu consistentemente para atenuar a instabilidade no ambiente de negócios brasileiro, o que possibilitou que o país saísse da recessão e iniciasse sua recuperação, com melhoramento gradual dos indicadores econômicos. Apesar de os momentos nos quais Meirelles atuou em posição de destaque na condução de políticas econômicas terem sido precedidos por graves crises, tais conjunturas denotavam, como essência causal dos problemas, uma avidez, proveniente dos investidores, por confiança e previsibilidade, que viriam a ser obtidas mediante comprometimento com ajuste fiscal, reformas econômicas e supressão de políticas expansionistas irresponsáveis. Grande parte dos resultados positivos obtidos durante sua atuação, como a queda da inflação, do desemprego e da taxa de juros, se deveram a inflexões cíclicas naturais que estavam sendo entravadas por incertezas políticas transitórias, cujo fim constituiu o estopim da recuperação.

Em sua campanha, o presidenciável enfatiza estar, supostamente, avulso ao embate ideológico entre Esquerda e Direita, intentando transmitir uma imagem de tecnocrata pragmático e efetivo. O foco em enaltecer sua trajetória razoavelmente bem sucedida na seara macroeconômica, visando denotar preparo para o maior cargo da República, configura considerável deficiência no arcabouço de sua candidatura, tendo em vista que boa parte de seus adversários, assessorados por técnicos tão ou mais qualificados na área na qual Meirelles é especialista, dispõem de aparato que também os credencia a realizar um governo em que a política econômica seja adequada e a dissipar a nova crise de confiança pela qual passa o país, que atrasa o ritmo da retomada do progresso. Somado a isso, a sua omissão, ou postura pouco clara, em assuntos relativos a outras urgências do país, como cultura, moral, ensino e segurança, o apequenam enquanto possível condutor das soluções almejadas pelo eleitorado. No seu programa de governo, propõe medidas econômicas, a exemplo das reformas tributária e previdenciária e do financiamento estatal enquanto instrumento de incentivo corporativo e força motriz da infraestrutura nacional, como principais bandeiras de sua candidatura e, apesar de não veicular no documento, aderiu à proposta do candidato Ciro Gomes, de refinanciar a dívida dos inadimplentes cadastrados no SPC, embora acrescente que é preciso pressupor a consolidação do crescimento econômico para inibir a reincidência dos devedores (algo que dificilmente o defensor original da proposta não considere).

Os posicionamentos do ex-ministro o caracterizam como detentor de qualidades enquanto conselheiro e auxiliar de gestores, possuindo vasta experiência em tais funções e histórico de significativa estabilidade, mas também o configuram como corroborador de nuances deletérias pertencentes a um sistema prejudicial em essência. A defesa de intervencionismos esporádicos na economia, vinculada ao mantimento de um custoso e corrompido aparato estatal que existe sob a prerrogativa de proteção social, é o que gerou e tem reforçado os enraizados desarranjos institucionais, agravando as mazelas culturais da nação. As reformas e medidas que defende apenas fornecem efêmera anestesia a problemas viscerais, que demandam a transição de um Estado de bem-estar social para um Estado liberal, desprovido das amarras constitucionais que impulsionam o crescimento desregrado das despesas governamentais e munindo a sociedade dos incentivos essenciais à produtividade e à poupança interna espontânea. Ademais, o fato de ter trajetória atrelada a entidades ícones do establishment, como PSDB, PT e MDB, o coloca como um insider desempenhador da função paralela de apologeta do legado das gestões capitaneadas por tais partidos, ao mesmo tempo em que figura como chamariz dos críticos de Michel Temer, contribuindo para desvencilhar Geraldo Alckmin, seu aliado mais consistente, da imagem de ser a aposta do sistema.


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