Balanço de uma eleição atípica

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Nunca na história do Brasil houve uma disputa presidencial com os contornos da de 2018, com digladiações severas entre cidadãos e também entre candidatos, pautas diferenciadas em discussão e um interesse incomumente maior por parte dos eleitores. E, sobretudo, foi explicitado um contexto obscuro na cultura nacional, dotado de expressivo contraste entre estados de consciência de um mesmo povo.

O pleito foi marcado, em essência, por uma alternativa sem precedentes dentre as opções eleitoralmente viáveis, personificada em Jair Bolsonaro (PSL), que representou anseios ideológicos reprimidos da maioria da população. Apesar da considerável adesão ao que o candidato representava, seus recursos econômicos eram extremamente incompatíveis com sua força política, sendo comparáveis aos de um mero coadjuvante, e, somado a tal condição, foi drasticamente afetado pelas mudanças na lei eleitoral, que reduziram o tempo de campanha e o espaço na propaganda obrigatória para todos os candidatos, beneficiando aqueles mais conhecidos e experientes na disputa pelo cargo. Desacreditado pela grande maioria dos analistas e pelos políticos em geral, Bolsonaro constituiu uma inexpressiva coligação partidária, que lhe acarretou apenas 7 segundos de propaganda televisionada. O erro em subestimar a força de tal candidatura consistiu em, com base no histórico de hegemonia partidária de esquerda e ausência quase total de espaço para correntes conservadoras em grande parte das instituições brasileiras, avaliar a sua significância como algo caricato e extremista, induzidos pelo costume cultural enraizado de considerar apenas discussões internas do marxismo e suas variantes como sendo aceitáveis no debate político. Ademais, a contaminação promovida pelo falso moralismo politicamente correto proporcionou deficiências analíticas na pretensa elite intelectual do país, fazendo com que esta, estando em total desconexão com a realidade, pautasse as discussões e diagnósticos do mainstream como se ideias e posições características do povo brasileiro fossem universalmente repulsivas.

Desde a redemocratização, em 1989, a política brasileira esteve falsamente polarizada entre duas vertentes oriundas da mesma essência ideológica. O Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido da Social-Democracia Brasileira (PSDB) protagonizaram disputas desprovidas de contraste real entre plataformas propositivas, e até quando tal predomínio era ameaçado, as vias alternativas, como o Partido Socialista Brasileiro (PSB) e o Partido Verde (PV), compartilhavam de concepção semelhante às dos partidos predominantes. Diante de tal cenário, a maciça maioria de brasileiros conservadores se via desprovida de opções que a representassem de fato e, tendo pouca instrução a respeito do processo político e suas nuances por possuir preocupações voltadas para o próprio sustento e searas cotidianas, acabava optando por candidaturas de maior apelo emocional e publicitário, dada a falta de fatores relevantes que distinguissem umas das outras. Um presidenciável portador de identificação com os traços ideológicos populares, que foi alçado aos holofotes pelo modo polêmico e destemido pelo qual defendia suas posições, rompeu a apática hegemonia política do espectro esquerdista, proporcionou a ascensão de linhas auxiliares em todo o país e, tendo mudado o foco de questões qualitativamente periféricas, como superficialidades de plataformas econômicas e administrativas, para os âmbitos da moral e do trato adequado para com a criminalidade, restabeleceu o senso de proporções do debate público e fez com que fosse explicitado o que de fato constitui a força motriz das metamorfoses sociais: a cultura. Além disso, as circunstâncias desmascararam as falhas de caráter daqueles que, conscientemente, apresentaram apatia ou indiferença, já no segundo turno, diante de escolha dotada de obviedade sem precedentes a ser tomada, entre um humilde e sincero propositor de ideias cuja natureza virtuosa era de fácil compreensão, e o representante de uma instituição comandada por um preso, comprovadamente criminoso, defensora de regimes totalitários e medidas antipatrióticas.

A tentativa de assassinato sofrida pelo político vencedor está atrelada a um contexto cuja prevalência de uma narrativa difamatória e pervertida para com os defensores dos valores judaico-cristãos se tornou insustentável e desmedida, configurando total desprendimento de qualquer resquício de moralidade por parte dos agentes condutores dos movimentos revolucionários, que intentam de forma simultânea, guiados pelas ideias da Escola de Frankfurt e pelo gramscismo, aniquilar a ordem estabelecida, minando os valores da sociedade, e ocupar espaços de influência, fazendo com que a população se torne marxista sem que se dê conta. O ostensivo esforço dos propagandistas revolucionários em retratar o representante máximo dos bastiões civilizatórios do Ocidente na política nacional como um indivíduo repugnante e odioso despertou em mentes frágeis o desejo odiento de exterminá-lo, e, embora não estando conscientes, assim como grande parte dos militantes partidários, de todo o aparato conspiratório maquinado por seus influenciadores, atuam como fundamental linha de frente de um projeto maquiavélico.

Apesar da vitória eleitoral, faz-se necessária, para que as conquistas se consolidem, a retomada das instituições brasileiras por aqueles que de fato sustentam e amam a nação, em detrimento de seus inimigos declarados, cegos por uma ideologia doentia. A eleição presidencial de 2018 demonstrou a importância da mídia descentralizada, sustentada pela internet, que desmistificou falácias premeditadas pelo sistema oligárquico e vem instruindo cada vez mais o cidadão médio a respeito de assuntos políticos, que geram impacto de elevada relevância em sua vida. Finalmente, o povo brasileiro, guiado majoritariamente pelos costumes e concepções que possui em comum com o cristianismo e o conservadorismo, conseguiu vencer um pleito presidencial. Nunca antes uma eleição deixou tão claro o contraste que há entre a cultura espontânea e virtuosa do nosso povo e a narrativa falsificadora disseminada em nossas instituições, que, tomadas por um um grupo ideológico perverso, deturpam a consciência das gerações.


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