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A Revolução Grasmciana: como o Marxismo dominou a cultura do ocidente nos últimos 30 anos


"Um teórico do comunismo, Antonio Gramsci, diz que a revolução precisa vir por dentro da cultura. Infelizmente, nos meus anos como professor, não consegui doutrinar ninguém com isso."

Ouvi essa afirmação cínica ainda quando eu era graduando em um evento destinado a estudantes de letras e amantes de literatura, isso em 2014. Eu ria e me injuriava com o cinismo que o palestrante falara e mais ainda pelo fato de que algo tão gritante havia passado despercebido por quase todos os presentes na palestra, salvo apenas os professores que compactuavam e usavam da mesma estratégia em suas respectivas salas de aulas.

Mas quem foi Gramsci? O que é Marxismo cultural? Como ele entrou no nosso meio? 

Antônio Gramsci (1891-1937) foi um intelectual italiano de cunho Marxista e um dos fundadores do Partido Comunista italiano. Foi preso sob acusação de uma tentativa de assassinato do líder fascista Benito Mussolini em 1928, sendo condenado a 20 anos pelo tribunal para defesa do estado. Ainda no mesmo ano começou a redigir a sua maior obra, intitulada Cadernos do Cárcere, um conjunto de cadernos que rendeu 6 livros. Dentre os diversos temas abordados, o mais importante e também o que nos interessa nesse momento é o pensamento político-ideológico que traz uma nova concepção estratégica de Marxismo para a tomada de poder. 

Essa concepção conhecida como Marxismo-Gramscismo é que chamamos de Marxismo cultural.

A Revolução Cultural Gramscista busca ocupar paulatinamente os espaços do aparelho do Estado de forma silenciosa, empregando largamente técnicas de Operações Psicológicas. Com isso, passa a promover massivas campanhas publicitárias, custeadas pelo Estado, para enfraquecer os instrumentos democráticos do próprio Estado, bem como promover uma engenharia social, sem que a sociedade se aperceba dessas transformações, que criam novos conceitos e um senso comum contrário aos princípios ético, moral, cristão e familiar tradicionais.

Gramsci observou que, embora a estratégia revolucionária Marxista-Leninista tivesse vencido na URSS, em países com um sistema de produção capitalista e democracia consolidados ela não funcionava. 

A partir disso, em contraposição à estratégia de assalto ao Estado, o intelectual italiano cria um modo de ocupação de espaços na cultura em busca de um novo senso comum. A essa estratégia Gramsci deu o nome de Guerra Posição, que agiria contrapondo a guerra de movimento (Marxista-Leninista); tomando primeiro o que ele entende como classe dirigente para depois tornar-se  classe governante. A primeira detém o poder cultural, a segunda detém o governo e somente isso. 

Essa estratégia se resume em três fases: 

A primeira é a econômico-corporativa, nela os revolucionários têm que se preocupar na ocupação de espaços gerida pelo partido orgânico, sua função nesse momento não é vencer eleições, mas sim buscar a hegemonia, ou seja, a direção política e cultural das massas e dela deverão surgir as primeiras organizações privadas na área de comunicação e sindicatos, ambos servindo de ponte de contato com as massas; sendo que esses sindicatos precisam manter uma aparência de independência do partido.

Na segunda fase, ocorre a  Luta pela hegemonia, que se aplica em três esferas: pela classe dirigente no âmbito da sociedade civil; pela sociedade civil sobre a sociedade política; pelo partido sobre o processo político-cultural.

"No entanto, a concepção gramsciana é mais profunda e vai além do trabalho de massa e da criação do clima revolucionário; busca subverter os conceitos e valores tradicionais da sociedade burguesa, superando o seu senso comum, conscientizando politicamente as classes subalternas e condicionando toda a população para o socialismo." (A revolução Gramscista no Ocidente - Sérgio Augusto de Avellar Coutinho).

Toda a luta por essa hegemonia passa pelo intelectual orgânico, uma espécie de difusor de ideias do partido, ele ocupa a mídia, universidades, centros de cultura e sindicatos, popularizando a concepção do partido para torná-la popular. À medida que tais ideias se tornam hegemônicas, o contraponto vai sendo paulatinamente silenciado até que se torne absurda ou constrangedora qualquer posição contrária ao partido. O intelectual orgânico é um reformador moral intelectual da sociedade. 

"O novo intelectual não é apenas um orador eloquente, o eletrizador de multidões, mas aquele que chegou a uma concepção  humanitária histórica  que se tornou dirigente, aquele que orienta, influencia e conscientiza (especialista + político)". (A revolução Gramscista no Ocidente - Sérgio Augusto de Avellar Coutinho)

Além desses agentes, os organismos privados ou particulares, podem ser empreendimentos (movimentos) ou organizações voluntárias, são fundamentais na organização de blocos sociais homogêneos. Por isso mesmo que o partido é centro homogêneo de difusão do novo senso comum, mas não o único. Uma vez que os sindicatos, centros de cultura, veículos de mídia, universidades e intelectuais orgânicos atuam concomitantemente nessa (re)formulação da hegemonia cultural. 

Fase estatal: Nessa fase o movimento revolucionário, após domínio hegemônico cultural, reformulação do pensamento político e moral e criação de um novo senso comum, conquista o poder por intermédio de vigorosa ação política do partido e do uso da força, fundam um novo Estado que promoverá as profundas transformações econômicas, sociais, políticas e individuais que instaurarão o socialismo no país até então capitalista burguês. 

Vale-se lembrar que Gramsci não necessariamente defende que essa tomada de poder ocorra por meio da disputa de eleições, até pode haver um golpe revolucionário, desde que essa força empregada não encontre resistência suficiente a ele. O mais importante para o teórico italiano é que a tomada de poder, seja pela democracia ou não, ocorra depois de uma crise institucional da democracia liberal "burguesa".

O método Gramsciano conseguiu ser extremamente eficaz no século XX e início do século XXI, chegando a dominar quase toda a América Latina com a criação do Foro de São Paulo. Em todos os países que o compõem, esse movimento se repetiu: tomada da cultura, alcanço da hegemonia cultural, aparelhamento de instituições, apoio de intelectuais, veículos de mídia, até a cereja do bolo, a tomada do governo.



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