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Reflexões sobre a morte (parte 4)

Há vida após a morte | VindeACristo.org

1.3.2. Homenagem a Waldo Lima do Valle.

Penso que Waldo Lima do Valle era crente. Filósofo, ele justificou racionalmente a sua fé destacando que tanto o ar que respiramos como as ondas, as correntes, as vibrações, as forças e os fluidos “são realidades invisíveis”. Do mesmo modo, existem Deus e o Espírito, apesar de não serem vistos pelos olhos humanos. [10]

Quando eu soube da morte de Waldo Lima do Valle, divulguei com saudades, na rede mundial de computadores (via Facebook), um texto em sua homenagem, que repriso com pequenas modificações.

Ouvindo o marulho das ondas do Oceano Atlântico e mirando o céu límpido de uma manhã de verão, faleceu, em 11 de dezembro de 2017, por volta das seis horas, em sua residência na Praia do Bessa, o professor universitário Waldo Lima do Valle.

Há aproximadamente seis meses, ele perdera sua querida esposa Socorro, com quem convivera por mais de 50 anos. A tristeza da separação apressou seu desenlace. Certamente quis rever sua consorte e, também, o filho caçula, Vinícius, que jovem partiu para outra dimensão.

Waldo deixou dois filhos e netos. Deixou, também, uma legião de admiradores, entre os quais me incluo. Sentiremos a sua falta, pois era homem de bem, solidário, espiritualizado, cheio de cativante simpatia.

Tinha conversa agradável. Falava com desenvoltura sobre os mais variados temas. Sempre revelava sólidos conhecimentos. O que mais encantava em suas preleções era a sabedoria, que transmitia dissertando sobre o sentido da vida e as maravilhas da natureza. Permanece, entre nós, o pensamento por Waldo disseminado nos livros que escreveu. Permanece, entre nós, a saudade do amigo afetuoso. Permanece, entre nós, a esperança que ele plantou no curso de sua existência terrena.

No dia 29 agosto de 2012, eu chorava o falecimento do meu amado pai e incondicional amigo, Joacil de Brito Pereira, um exemplo de bravura e espiritualidade das almas nordestinas, quando recebi correspondência de Waldo Lima do Valle. Transmitia-me uma mensagem de esperança e de conforto. Dizia-me para não ficar triste, pois a morte não é o fim de tudo para quem crê em Deus. Garantia que a alma de papai já estava noutra dimensão, onde eu iria encontrá-la no momento determinado pelo Altíssimo. E me passou um soneto inédito que escrevera para ser lido quando ele, Waldo, morresse.

Ao tomar conhecimento do traspasse do poeta e filósofo, lembrei-me do episódio. Procurei e encontrei os versos recebidos há alguns anos. Depois de lê-los, fiquei convicto de que Waldo morreu em paz, como desejava, pois registrara em seu


“SONETO DA DESPEDIDA

Quero partir num dia esplendoroso,
Ouvindo sons de mar, em céu sereno.
A alma em festa, em paz, o coração pleno
De amor e bem, num sono jubiloso.

Quero sentir o adeus e o doce aceno
Daqueles que amei e, assim, ditoso,
Partirei deste mundo doloroso
Às paragens, sem fim, de Sol ameno!...

Não quero ver tristeza em cada rosto,
Em ninguém vislumbrar nenhum desgosto,
Quando librar-me à paz da imensidão...

E, assim, com alegria e sem saudade,
Adentrarei na Luz da Eternidade,
Sedento de amor puro, o coração!...”

1.3.3. Promessas de luz e redenção na obra do poeta.

No livro DIÁRIO DE UM ANJO, Waldo Lima do Valle reuniu 1675 trovas que compôs para louvar o nome de Deus. Numa delas, anunciou que “a vida nasce da morte”, pois

“Do bojo da noite escura
Surge o sol, almo clarão;
Alvorada em manhã pura
Traz a luz à escuridão.” [11]

O vigoroso trabalho do poeta proclama a realidade da ressurreição para todo aquele que acredita em Jesus Cristo, compreende o significado redentor contido no sacrifício do Cordeiro e tenta observar Seus preceitos.

Para Waldo, a morte não é o fim de tudo, mas uma libertação da alma, que sai dos limitados espaços da transitória existência terrena e adentra nas extensões incomensuráveis da vida espiritual. Todas as trovas transmitem mensagens nessa direção. Reproduzo três delas para provar minha assertiva.

“A MORTE É LIBERTAÇÃO.

A morte... libertação
Da tu’alma prisioneira,
É a fuga da ilusão
Para a vida verdadeira.” 

“AQUELE QUE CRER EM MIM...

Com Lázaro foi assim,
Conosco poderá ser...
Disse o Cristo: - ‘Crê em mim.
Estás morto? Irás viver!’.”

“NOSSO CAMINHO É JESUS.

A redenção: uma cruz!
O mundo: muitas estradas...
Nosso caminho é Jesus,
Seguindo suas pegadas.” [12]

Embora seduzido pelos encantos do mundo, Waldo Lima do Valle propagou, ao longo da vida, os ensinamentos de Jesus. A fé transborda nos escritos do menestrel da Praia do Bessa. 

“O SERMÃO DA MONTANHA – Poesia e Luz” é um conjunto de preces feitas em versos de excelente qualidade literária por um crente cheio do Espírito Santo de Deus. Transcrevo, por exemplo, o soneto 

“DOS DOIS CAMINHOS.

Jesus anunciou os dois caminhos:
O estreito que conduz à salvação;
Outro, largo, da dor, da perdição:
A senda de atos torpes e mesquinhos!

Porém, nunca estaremos tão sozinhos,
Na trilha ascensional da redenção;
Jesus segurará em nossa mão,
Por entre as asperezas dos espinhos!

O mundo! As ilusões sempre acenando;
E a alma tantas vezes decaída,
Mas Deus, dos Altos Cimos, indicando

Roteiros gloriosos de subida,
Onde o Cristo estará nos esperando... 
Jesus! Sol da Verdade e Luz da Vida!” [13] 

Waldo Lima do Valle não contestava outras religiões. Respeitava as doutrinas (cristianismo, judaísmo, islamismo, budismo, hinduísmo, etc.) abraçadas por outras pessoas. Entrevistou líderes religiosos, inclusive dois cristãos, antes de escrever o livro “MORRER, E DEPOIS? Como vivem os que morrem.”

Do Pastor Estevam Fernandes, respeitado líder da Primeira Igreja Batista da Paraíba, ouviu que a morte “não é o fim. Pelo contrário, é o começo de tudo. É a contemplação de Deus pela alma e, ao mesmo tempo, a sua participação e integração na ‘Vida Abundante’ das promessas de Jesus.” [14]

De Francisco Pereira da Nóbrega, professor universitário e líder católico, escutou que o sepulcro vazio de Jesus “é a maior prova da inexistência da morte como algo definitivo.” [15]

O poeta entendeu as explicações dos entrevistados. No entanto, perseverou em sua fé ecumênica. Acreditava na vida espiritual após o aniquilamento orgânico, mas admitia a possibilidade de sucessivas reencarnações para aprimoramento das almas que desfrutarão da graça da ressurreição e da vida eterna.

Não opino sobre o acerto, ou não, da posição religiosa do filósofo. Sei que ele seguia um espiritismo cristão, pois se confessou “um ‘biófilo’, isto é, um amante da vida, em sua gama infinita de manifestações, escrevendo sobre a morte por nela não acreditar e por considerá-la a antecâmara da vida.” [16]

A compreensão do vate paraibano não se distancia da fé cristã. Ele acreditava que a morte não é o fim de tudo, pois um dia, por força do amor, da sabedoria e do crescimento espiritual, “também faremos morada nesses planos mais sutis onde vivem os espíritos de luz.” E sabia que “sem a morte jamais haveria ressurreição e nunca poderíamos penetrar na “Vida Abundante” das promessas de Jesus no Seu Evangelho de luz e de redenção.” [17]

Waldo, no final de sua existência terrena, tinha o “espírito aberto a todas as convicções religiosas”, pois as aceitava como se fossem “caminhos diversos que conduzem” a Deus. A mensagem contida no Sermão da Montanha o inspirou a escrever o livro sobre o discurso, que, na opinião dele, representa 

“... o testamento espiritual de Jesus, a mais bela síntese de Sua mensagem, o grande denominador comum que poderia reunir, num só corpo doutrinário, todas as religiões do mundo, em suma, o caminho mais curto e também o mais árduo, para se chegar ao Reino de Deus, bem dentro do coração humano.” [18]


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[10] VALLE, Waldo Lima do. Obra citada no item 5. Págs. 185 e 186.

[11] VALLE, Waldo Lima do. DIÁRIO DE UM ANJO. TROVAS DE AMOR E LOUVOR A DEUS. João Pessoa/PB: Tessitura Editora. 2005. P. 19.

[12] VALLE, Waldo Lima do. Obra citada. Págs. 19, 94 e 34.

[13] VALLE, Waldo Lima do. O SERMÃO DA MONTANHA – Poesia e Luz. João Pessoa/PB: Gráfica JB. 2000. P. 135.

[14] VALLE, Waldo Lima do. MORRER. E DEPOIS? COMO VIVEM OS QUE MORREM. João Pessoa/PB: Tessitura Editora. 2005. P. 82.

[15] VALLE, Waldo Lima do. Obra citada no item 6. P. 71.

[16] VALLE, Waldo Lima do. Obra citada no item 6. P. 21.

[17] VALLE. Waldo Lima do. Obra citada 6. Págs. 21 e 111.

[18] VALLE. Waldo Lima do. Trecho do texto “Sobre o autor... por ele mesmo...”, incluído na obra citada no item 12. Págs. 146 e 147.

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