As mortes políticas causadas pelo Covid-19


Sem dúvida alguma, a chegada do vírus chinês ao Brasil trouxe consigo um mar de imprevisibilidade, tanto do ponto de vista sanitário quanto do ponto de vista político. Não cabendo aqui entrar nos méritos acerca da melhor forma de lidar com a epidemia, mas apenas fazendo uma pequena análise sobre os efeitos do vírus no jogo político nacional. Normalmente, quando uma nação está sob ameaça de um inimigo, ela se une em torno do objetivo de enfrentar e eliminar tal ameaça. Normalmente nos países normais, no Brasil não é assim que funciona. O Coronavírus é sinal de politização e, consequentemente, polarização, quando falamos em Brasil.


É evidente que cabe ao gestor público elaborar um plano eficaz de enfrentamento da doença.  O Governo Federal fez e está fazendo a sua parte e, ainda quando o vírus não havia chegado em terras brasileiras, tomou medidas para combater a peste. E como toda ação gera uma reação, primeiramente a esquerda radical e depois o denominado centrão - que nada mais é do que a esquerda fabiana - viram na pandemia uma forma de encontrar enfim a morte do Governo Bolsonaro. Assim, ficaram foi do lado do vírus e começaram a fazer praticamente tudo ao contrário das orientações do Chefe de Estado. Adotaram medidas e discursos que visavam, no curto prazo, enfraquecer a imagem do presidente e, a médio e longo prazos, destruir a economia brasileira para jogar o presidente contra a população e, principalmente, contra os setores produtivos nacionais. No início essa estratégia estava caminhando bem, devemos reconhecer, e Jair Bolsonaro ficou com a situação muito complicada do ponto de vista político. Mas como tudo demais é veneno, a oposição (governadores, prefeitos, cortes superiores, grande mídia, classe artística, etc...) esticaram demais a corda e provocaram uma reação popular inesperada: o feitiço virou contra o(s) feiticeiro(s) e a população de baixa renda e o setor produtivo assimilaram como correto o discurso de Bolsonaro. Onde ele levanta a questão do cuidado com a saúde das pessoas, mas também sem esquecer do cuidado com os empregos e o sustento dos brasileiros.

Então, pouco a pouco, a oposição, em especial os governadores e os prefeitos, foram perdendo força com seu plano de jogar o presidente em maus lençóis e passaram a ser alvo de protestos constantes. Mas esses protestos, a princípio, não os fizeram recuar, pelo contrário, aumentaram ainda mais o autoritarismo, impondo à população medidas que restringem ainda mais as liberdades fundamentais, proibindo inclusive celebrações religiosas, o direito de ir e vir e o próprio direito à livre manifestação. Transformaram seus estados e municípios em "terras arrasadas" e usurparam do Executivo Federal a prerrogativa de decretação de estado de sítio, ou seja, eles rasgaram a Constituição Federal.

Enquanto o isolamento social não tem se mostrado de eficácia comprovada na contenção da pandemia, um medicamento vinha ganhando força no combate à peste chinesa. E aí outra reviravolta aconteceu: enquanto agentes públicos que fazem oposição ao "Capitão" negavam publicamente a eficácia desse medicamento, no âmbito particular faziam uso dele, quando foram acometidos pela doença. Quem se esquecerá do médico ligado ao governador de São Paulo, João Dória, que fez uso da cloroquina, enquanto sustentava a tese de que o medicamento não era capaz de combater a infecção viral do Covid-19? Quando isso veio à tona, ficou ainda mais evidenciado que essas pessoas estavam fazendo politicagem barata em nome da defesa da saúde e do bem estar da população.
Somado ao fato ora mencionado, os abusos das autoridades locais foram e vão se acumulando dia após dia, com prisões arbitrárias, muitas delas filmadas, divulgadas e repudiadas pela população. E as pessoas que começam a ter o seu sustento ameaçado e estão vendo no Presidente da República o único gestor público que fala o que a população mais carente pensa e está sentindo em meio a tudo isso: enxergando empresas quebrarem e o desemprego e a fome assolarem os lares brasileiros, ficam cada vez mais do lado do presidente.

Com tudo isso, esses governadores e prefeitos cometeram suicídio político e terão poucas chances de vitória nas próximas eleições em que disputarem, uns sofrendo grandes riscos de impeachment. O Dória, por exemplo, é um deles. Embora ele esteja de paquera momentânea e circunstancial com o Lula, os deputados estaduais de São Paulo ligados à extrema esquerda jamais deixariam de derrubar um possível candidato do centrão à presidência em 2022, deixando o caminho mais limpo para Ciros Gomes da vida. Aliado a esse fator, os deputados ligados à base de Bolsonaro não terão o menor constrangimento em tirar o Dória via impeachment. Enfim, mesmo que ele sobreviva a um eventual processo de cassação, eleitoralmente ele sairá completamente enfraquecido e dará adeus à sua breve trajetória política já em 2022.

É, meus amigos, muitos políticos no Brasil ainda não entenderam que o jogo sujo é uma certidão de óbito nesse novo contexto da política nacional. E assim como está fazendo boa parte dos governantes, que usam politicamente da grave crise sanitária ocasionada pelo vírus chinês quando colocam a causa mortis de pacientes, oriunda de mazelas como o câncer, infarto, alzheimer, dentre outras, como se fossem pelo Coronavírus, dirão que suas futuras e óbvias derrotas eleitorais se darão por causa de um suposto fascismo da sociedade brasileira, mas esse fascismo só existe é na narrativa deles e nas suas próprias atitudes.

E o João Azevedo?

A situação do João Posteredo é um pouco mais peculiar: ele tem adotado medidas semelhantes às de João Dória e Wilson Witzel, entretanto a sua fragilidade é a sua principal força. Posteredo chegou ao governo estadual por meio do seu chefe, Ricardo Coutinho, mas não tem ele mesmo bases sólidas na política, empatia popular ou militância orgânica e tem seu governo ligado ao escândalo que desviou milhões de reais dos recursos públicos da saúde e, segundo o MP e a Polícia Federal, sua campanha foi financiada por esse dinheiro sujo, tendo como única coisa relevante em quase um ano e meio de governo, o fato de o Palácio da Redenção ter sido alvo de busca e apreensão judicial no final do ano passado... Uma obra de destaque além dessa? Não, nenhuma. Nesse prisma ele é bastante fraco e suscetível a sofrer o impeachment, bastando o empresariado e a população comprarem de fato essa ideia. No entanto, é justamente com esse esquema de corrupção que, segundo o MP e a Polícia Federal, vários deputados estaduais também tiveram envolvimento e suas respectivas campanhas foram pagas com o mesmo dinheiro sujo que a de João (segundo o MP e a Polícia Federal, vale ressaltar). Então nesse panorama, Posteredo é forte, pois não tem uma base aliada, mas sim uma maioria na Assembleia Legislativa constituída por comparsas no caso da Cruz Vermelha. Mas, no mundo da política e no mundo do crime, geralmente não existe lealdade quando os calos começam a doer. Se houver uma boa articulação, poderemos ver o que no jogo de xadrez seria um gambito da torre, no caso, do Poste. Sacrifica-se o número um em nome da sobrevivência do grupo, ou do bando. E uma nova acomodação política seria pleiteada, excluindo o João e até mesmo a sua vice, fazendo com que, assim, algum deputado estadual assuma o Palácio da Redenção. O Poste não tem um horizonte político muito promissor, está em situação delicada e tudo que tem herdou do seu ex-chefe (ou ainda chefe), Ricardo Coutinho.  Se politicamente morrerá de Covid-19 ou não, ainda é cedo para afirmarmos, mas o fato é que ele seque o caminho daqueles gestores já "desenganados" pela pandemia. E vocês sabem bem como o Covid-19 é terrível para quem já tem saúde - aqui estamos falando de saúde política - comprometida, né?


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