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A “ideologia de espectro político”: um misto de oportunismo e falta de conhecimento básico sobre ser de direita

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Rompida a espiral do silêncio que cercava as vozes conservadoras no Brasil, o conservadorismo no país emergiu rapidamente a um nível que, assustadora e infelizmente, beira o modismo, e isso traz problemas potencialmente sérios. Devemos ter em mente que o conservadorismo imanente na sociedade brasileira até então não era – talvez ainda não seja – traduzido na própria identificação política dos brasileiros: o cara é conservador, mas não se define como tal, quase sempre nem sabe que é e, principalmente, não age politicamente como um conservador e assim não vota como tal.

Mesmo ainda não havendo uma produção artística de fato conservadora que chegue verdadeiramente a influenciar a população, o crescimento do conservadorismo como identidade política no país deve-se, em primeiro lugar, ao trabalho do filósofo, escritor e professor Olavo de Carvalho, que, no plano intelectual, soltou o “grito” conservador e “abriu a porteira” do conservadorismo no Brasil, servindo assim como uma espécie de bússola a intelectuais, políticos e a artistas nacionais; em segundo lugar, devemos destacar a ascensão política conservadora, principalmente puxada por Jair Bolsonaro. Esses dois “pilares” (político e intelectual), no meu humilde entender, são os fatores que tornaram o conservadorismo uma realidade na vida nacional, que penso poder ser medida pelo incômodo que já gera nos círculos revolucionários em geral – e olha que os nossos meios de ação ainda são pra lá de escassos.

O pilar intelectual é, sem dúvida alguma, o mais importante, duradouro e eficiente, o que também nos traz menos riscos, enganos e vícios. E é ele o que se deve ser perseguido, preservado e ampliado. Olavo puxou as ideias, o caminho do conhecimento.

Já o pilar político é mais imediatista e também mais fadado ao erro e aos vícios comuns do jogo político, como os oportunistas de plantão. Bolsonaro puxou a “torcida” ávida por o grito de gol. E é justamente nisso onde quero chegar neste artigo. 

Roubando um pouquinho do que nos foi ensinado por Olavo em “Aristóteles em nova perspectiva” e, claro, adaptando este “roubo” ao contexto aqui abordado, podemos dizer que o pilar intelectual faz mais uso do discurso dialético (também do lógico), onde o convencimento se dá por meio da razão e, portanto, sua credibilidade situa-se bem menos no grau da confiança que o ouvinte tem para com o orador. Já no pilar político usa-se frequentemente o discurso retórico, o qual “emite sempre uma ordem ou pedido”, onde o convencimento se dá mais pelo grau de confiança (ou talvez na mera simpatia) que o ouvinte deposita no orador, sua credibilidade não está essencialmente na razão ou mesmo no verdadeiro. É aí onde mora o perigo para nós!

A eleição de Bolsonaro comprovou a viabilidade eleitoral das pautas conservadoras e também que o nicho conservador não é tão pequeno assim. Isso atraiu muita gente de olho em sucesso nas urnas, tanto oportunistas quanto pessoas que por ter um horizonte de consciência demasiadamente limitado fazem do conservadorismo um autêntico picadeiro para as suas palhaçadas políticas, onde estas mesmas pessoas tentam impor narrativas e semânticas revolucionárias e/ou progressistas no seio do conservadorismo nacional. Adotam falas coletivistas, vitimistas e afins, numa tentativa RETÓRICA de ganhar a simpatia (credibilidade) dos mais desavisados. Assim, não se espante se ditos direitistas lhe chegarem com conversas de “empoderamento feminino” e conceituações oriundas do feminismo (manterrupting, mansplaining, etc....).

Essa é a ideologia de espectro político: a feminista se diz de direita porque quer ser de direita, mas em essência não é. Este texto busca fazer um aviso tanto em relação aos oportunistas que visam enganar as pessoas dizendo-se conservadores quanto, e principalmente, em relação aos progressistas que acreditam que são de fato conservadores. Estes enganam aos outros, mas também enganam a si mesmos, como se fosse um homem que acredita piamente que nasceu mulher e que o seu corpo é um corpo feminino; são como um vascaíno flamenguista. Os oportunistas são o que são e não vamos nos demorar mais neles, já os “trans-espectros” são os que nos chamam mais atenção. Isso porque geralmente eles chegam cheios de termos, conceitos, semânticas e narrativas provenientes das suas ideologias, que deturpam a linguagem no intuito de fazê-la não mais expressão da realidade, mas sim dos seus próprios delírios de ideias desconexas com a realidade. A destruição da norma culta da linguagem e sua substituição pelos modismos literários, como bem nos demonstrou Eric Voegelin em “Reflexões Autobiográficas”, é o caminho para o avanço do pensamento ideológico e, consequentemente, a destruição da sociedade. Portanto, por mais que sejam empregadas no âmbito do conservadorismo, quaisquer faíscas de uma linguagem revolucionária fazem o jogo contrário ao meio conservador. 

Bom, porém, é ressaltar que a valorização da norma culta da linguagem não significa dizer que devemos nos utilizar de termos dos quais os empregos tornaram-se obsoletos; não temos que, por obrigação, utilizar a palavra “soia”, como no belíssimo soneto “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, do gênio da língua portuguesa, Luis Vaz de Camões, pois como no próprio título do poema denota, as coisas mudam. Como também é importante afirmar que as mesóclises do Michel Temer não o fazem um homem ou um político conservador. O que significa que não propriamente o nível de erudição que nos faz entender ou mesmo classificar quem de fato é um conservador, mas sim na não adesão a linguagem, semânticas e narrativas ideológicas. Enfim, um homem de vocabulário simples pode ser, e normalmente é, um verdadeiro conservador, enquanto os “trans-espectros, não, por mais que se vejam como tal.

Concluo salientando que o objetivo deste pequeno e simples artigo foi primeiramente o de fornecer uma luz aos conservadores para que não se deixem ser enganados por quem busca deliberadamente nos enganar ou mesmo por aqueles que enganam a si mesmos e assim podem involuntariamente nos levar ao engano. Secundariamente o nosso objetivo foi o de fornecer uma luz aos próprios jogadores da “ideologia de espectro político” para que procurem os seus respectivos e autênticos nichos políticos ou que ao menos procurem entender e sobretudo absolver os nossos modos de pensar e agendas. Mais um processo eleitoral vem aí, e que nós, os conservadores, não cometamos escolhas que se revelem como erros grosseiros tão logo sejam revelados os resultados das urnas.


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