UMA ANÁLISE DO DEBATE DA TV MANAÍRA

O primeiro debate da eleição de 2022 para governador da Paraíba, ocorrido na TV Manaíra, além de ter decepcionado em vários aspectos ligados à capacidade técnica dos anfitriões, com problemas nos microfones, quedas no sinal da transmissão e desperdício colossal de tempo, forçando os debatedores a responder perguntas inúteis ao final, como sobre "fome no Brasil" e "violência LGBT", serviu para apresentar aos eleitores um esboço de como deve ser a toada da campanha em linhas gerais, em termos de narrativas adotadas pelos candidatos.

Logo de início, metade dos debatedores se deparou com a hercúlea tarefa de se apresentar ao público e responder a perguntas complexas em exatos e irredutíveis 60 segundos, enquanto uma outra metade, menos sortuda, teve de abrir mão da introdução cordial para com os telespectadores para comentar a já combalida fala de um minuto em míseros 30 segundos. Tal formato, além de levar os candidatos a proferir simplismos inócuos a quem assistia a eles, tolheu o contato introdutório deles com o público no pontapé inicial dos debates televisivos. Um claro desserviço.

A partir do segundo bloco, em que os debatedores puderam fazer perguntas uns aos outros, houve uma largada empolgante por parte de Nilvan Ferreira (PL), que demonstrou objetividade na crítica ao governador João Azevêdo (PSB), candidato à reeleição, e ao seu ex-aliado recente Veneziano (MDB), expondo problemas de má gestão dos recursos públicos, sobretudo no auge da pandemia, lembrando o chocante caso dos respiradores comprados a peso de ouro e nunca recebidos, diante do primeiro, e a incoerência gritante na narrativa do segundo, que até pouquíssimo tempo atrás estava de mãos dadas com o chefe do Executivo estadual, tendo sido eleito "no mesmo palanque que o dele", em 2018. Apesar de ter sido sentida a falta de menção ao caso da Operação Calvário, que apontou que a própria eleição do governador se deu de forma ilegítima, com dinheiro público desviado da saúde pública usado em sua campanha, o radialista conseguiu impor bons impactos retóricos contra dois de seus principais adversários logo nos primeiros embates.

Enquanto Nilvan mesclava ataques incisivos à atual gestão estadual e sua ex-base com menções insistentes ao presidente Jair Bolsonaro (PL), como forma de captar quase que na marra o eleitorado bolsonarista, algo que não quis ou não soube fazer em 2020, na disputa pela prefeitura de João Pessoa, Pedro Cunha Lima (PSDB), uma aposta com ares de tudo ou nada de seu pai e líder político Cássio (PSDB), adotou a famosa narrativa do tecnicismo político, citando mais dados e estudos de caso que os demais candidatos, não adentrando com tanta ênfase em questões ideológicas e fugindo da polarização nacional, aposta inversa à do apresentador da TV Correio, que acabou se perdendo um pouco quando esgotou sua bem executada pauta anterior, titubeando na hora de demonstrar maior conhecimento sobre a máquina pública e citando dados incompletos ou errados, como quando cometeu a gafe de dizer que o PIB da Paraíba representa cerca de 50% do PIB nacional, algo posteriormente lembrado por Veneziano em tom de alfinetada, expondo falta de repertório do adversário. 

Já o ex-prefeito de Campina Grande não conseguiu mostrar muito a que veio nesse debate. Ao mesmo tempo em que não demonstrou profundidade no conhecimento da máquina pública, não foi incisivo na defesa de seu apoiador de peso em nível nacional, o candidato a presidente Lula (PT), como foi Nilvan com Bolsonaro, desperdiçando o holofote de uma polarização ideológica mais enfática com o bolsonarismo durante o debate. Ademais, Veneziano não foi levado a sério nos embates nem pela oposição, nem pelo próprio governador, que não hesitaram em tornar clara a contradição em sua narrativa.

Entre os chamados "nanicos", candidatos com pouquíssima ou quase nula chance de êxito eleitoral, o destaque foi o Major Fábio (PRTB), que apesar de ter começado o debate nitidamente nervoso e hesitante, apresentou sensível melhora em relação à sua performance nos debates de 2014, quando também foi candidato a governador, gritando menos e sendo mais conciso em suas falas, se atendo mais à limitação do tempo. Ele não se importou em escancarar seu despreparo para o cargo Executivo e focou insistentemente, chegando algumas vezes a ser impertinente, em descredibilizar todos os grupos políticos adversários presentes na disputa, trazendo à tona fatos lastimáveis da política paraibana que inegavelmente atestam contra a genuinidade das ditas "oposições" de momento. Em uma das desmoralizações que impôs aos adversários, induziu Nilvan, o pretenso bolsonarista do pleito, a exaltar a figura de Wellington Roberto (PL), algo que claramente é rechaçado pelo eleitorado direitista do estado. A ideia do Major pareceu ser gerar a impressão de uma lacuna na oposição, que poderia ser preenchida por ele. Essa parece ser uma boa introdução de narrativa, mas não muito mais que isso, pois é preciso mostrar algum repertório técnico, passando também a ideia de estabilidade e segurança para os eleitores, elementos faltantes no candidato. A ausência desses tópicos no policial ficou muito evidente quando ele se perdeu completamente ao ser provocado pelos nanicos extremistas de esquerda, que praticamente deitaram e rolaram em embates com ele, chegando a ser elogiados e exaltados pelo Major. Um desserviço, já que os socialistas defendem as piores atrocidades possíveis no mundo, como aborto, ditaduras genocidas e sexualização de crianças.

Por fim, o que se percebeu de forma clara foi a postura extremamente defensiva do governador praticamente do início ao fim do debate, no qual não conseguiu listar de forma consistente avanços que teria conquistado em sua gestão, à exceção do imbróglio envolvendo os policiais militares, que conseguiu contornar com reajustes salariais e algumas mudanças na forma como eles são remunerados, ainda que tardiamente. A participação dele se resumiu a tentar desmentir dados e rebater críticas de adversários, faltando-lhe ânimo e energia na oratória.


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