O tradicional debate para senador realizado na TV Master, pioneira na Paraíba no que diz respeito a tal modalidade, contou com frequentes trocas de farpas entre os candidatos e já se iniciou com um fato chamativo: a ausência do candidato inelegível Ricardo Coutinho (PT), que, segundo o apresentador, Alex Filho, já havia firmado compromisso em participar do evento. Isso inevitavelmente mudou o tom do debate, especialmente alterando as estratégias retóricas dos candidatos mais à direita da disputa, que buscaram polarizar bastante com o petista no debate anterior.
Um dos destaques se deu com os calorosos embates entre os candidatos mais próximos do bolsonarismo, algo intensificado tendo em vista a já mencionada falta de alguém relevante para fazer um contraste ideológico mais chamativo. Sérgio Queiroz (PRTB) buscou questionar sobre o uso do famigerado fundo eleitoral Efraim Filho (União Brasil), que encarou com naturalidade o fato de dispor, através de seu grande partido, de uma montanha de recursos públicos para sua campanha, relembrando uma reunião de bastidor realizada com o pastor no período pré-eleitoral em torno de eventual aliança entre ambos a fim de atribuir a Sérgio a pecha de incoerente, já que, se houvessem entrado em acordo por uma composição de chapa, estaria usufruindo o "fundão" que hoje critica. Novamente, assim como ficou claro no embate Sérgio x Bruno na TV Manaíra, ambos saíram perdendo, mas o pastor foi o mais afetado, pois não é novidade para a maioria dos eleitores que poderiam votar em Efraim o fato de ele estar no maior partido do país e portanto fazer uso de grande volume de recursos públicos em campanha, mas é uma novidade para a grande maioria dos eleitores que poderiam votar em Sérgio que ele cogitou uma aliança com Efraim. O pastor tem há vários meses montado uma imagem de outsider, inclusive através da crítica a privilégios e do "isolacionismo" eleitoral, logo, uma revelação como essa é como um balde de água fria nas expectavas de boa parte de seus simpatizantes e potenciais votantes.
O ideal de embate entre candidatos que professam ideologia similar é mostrar mais preparo ou experiência que o adversário em questões sensíveis ao seu eleitorado, algo que Efraim sabe fazer bem, quase sempre investindo sua retórica em realizações de seu mandato como deputado federal, seja por meio da autoria de projeto de lei, seja por meio de recursos captados para a Paraíba através de emendas, e fazer críticas que não possam ser revertidas contra si mesmo de alguma forma. Quem adotou acertadamente essa toada foi Bruno Roberto (PL), que além de usar a discussão contraproducente entre os dois rivais para se destacar como supostamente o único bolsonarista genuíno, expôs uma contradição no discurso pró-mercado de Efraim, amparado pela autoria da lei que desonerou a folha de pagamento de empresas que empreguem mais trabalhadores, ao rememorar o apoio do deputado ao governador João Azevêdo (PSB) durante o severo lockdown que impôs aos paraibanos por cerca de dois anos, no auge da pandemia. Isso não pôde ser revertido contra Bruno, pois ele não integrou a base do governador. Já no confronto com Sérgio o candidato do PL fez uma pergunta capciosa baseada em uma especificidade da pecuária paraibana usando termos técnicos, o que inevitavelmente pegou o pastor de surpresa e passou a impressão de que está mais alinhado aos empresários do campo, um eleitorado com votos potenciais para ambos, do que o oponente.
Um ponto positivo de Sérgio nesses embates entre "compadres" foi um acertado ajuste na abordagem para com Bruno. Ao contrário do que esboçou no debate anterior, o pastor não atacou incoerências de seu principal oponente na busca pelo voto bolsonarista, mas fez uma pergunta propositiva, logo após rememorar a prisão do oponente por suposta compra de votos em 2014 sob a roupagem "solidária" de quem espera que ele prove a inocência. Esse fato deveras incômodo a Bruno foi citado repetidamente no debate a partir de uma fala do candidato do PSOL, que fez questão até mesmo de citar o número do processo no qual o adversário é réu. Isso foi péssimo para o candidato do PL, pois além de ter quebrado um clima de polarização com o radical de esquerda que estava buscando construir é algo do qual dificilmente pode se defender num debate, tanto é que nem sequer esboçou uma explicação sobre o assunto. No quesito de perspicácia, o nanico do PSOL tem se destacado, não se deixando servir de escada a todo momento por adversários mais relevantes, como fez com Ricardo no outro debate ao expor seu passado vinculado a famílias tradicionais da política e neste debate, com Bruno, sem dar corda à seara meramente ideológica.
Bruno ainda se saiu bem em praticamente todos os momentos em que confrontou os adversários, seja por meio da polarização ideológica, trazendo à baila assuntos chamativos, como o combate à ideologia de gênero, e sendo involuntariamente ajudado por Pollyana Dutra (PSB), quando ela reforçou a ideia de que ele tem acesso privilegiado ao presidente e a cargos do governo federal, seja por meio do aprimoramento da retórica mais tecnicista, abordada sobretudo diante dos rivais de reduto. Ademais, desde sua primeira fala no debate mostrou que a principal pedra em seu sapato nesta eleição é de fato Sérgio, ao fazer questão de enfatizar que o presidente Bolsonaro o escolheu "contra todos" e relembrar isso em outras ocasiões do debate como forma de dissuadir eleitores bolsonaristas desconfiados com seu histórico político controverso de votar em outro candidato que se diz bolsonarista, que provavelmente seria o pastor. Não fossem as sensíveis alfinetadas que sofreu sobre sua fatídica prisão, sem se defender, teria terminado o debate por cima.
Um destaque negativo foi a performance de Pollyana, que demonstrou despreparo em diversas ocasiões, lendo perguntas triviais, propagando fake news, sobretudo contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), numa ânsia de fidelizar o voto esquerdista, naturalmente mais propenso a ser captado por Ricardo, e exalando um feminismo raso e impertinente. Ela aproveitou diversas falas para incorporar uma propagandista nata do governador, o que parece redundante, já que dificilmente a grande maioria dos eleitores que hoje declaram voto em João não sabe que ela tem o seu apoio ou precisa de argumentos técnicos para votar no atual chefe do Executivo estadual. Talvez por conta da ausência de seu rival de reduto Ricardo, investiu um pouco mais na agressividade retórica contra Bolsonaro, ganhando mais holofotes em torno da polarização ideológica.
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