A Polícia Federal identificou, por meio de mensagens interceptadas, que o Comando Vermelho determinou uma pausa nas atividades criminosas durante a realização da reunião do G20 no Rio de Janeiro, em fevereiro de 2024. A ordem teria partido de dentro do sistema prisional e envolvido diretamente membros da alta cúpula da facção. O conteúdo das conversas levanta questionamentos sobre a influência do crime organizado e a suposta comunicação entre representantes do Estado e líderes do tráfico.
Confira detalhes no vídeo:
As mensagens apontam que Arnaldo da Silva Dias, conhecido como “Naldinho”, preso no Complexo de Bangu e considerado um dos principais articuladores do Comando Vermelho, foi o responsável por divulgar a ordem de trégua. Ele atua como porta-voz da facção, com a função de repassar as determinações da liderança aos integrantes da base espalhados por diversas comunidades do Rio e outras regiões.
De acordo com os registros obtidos pelos investigadores, a orientação foi clara: durante o período da cúpula internacional, as ações violentas e demais atividades ilegais deveriam ser reduzidas ou suspensas, a fim de evitar qualquer tipo de incidente que pudesse chamar atenção indesejada. O objetivo era manter uma aparência de normalidade na cidade, enquanto líderes mundiais e representantes de diversas nações participavam dos encontros oficiais do evento.
O trecho mais sensível das mensagens interceptadas indica que a iniciativa da trégua teria surgido após um suposto pedido vindo de um “representante do Estado”, cuja identidade ainda não foi esclarecida. Para os membros da facção, esse contato teria sido interpretado como um gesto de reconhecimento e respeito por parte das autoridades, evidenciando, segundo o texto, uma relação de influência e diálogo entre agentes públicos e o crime organizado.
A revelação do conteúdo das mensagens reacende o debate sobre a presença e o poder das facções criminosas dentro e fora dos presídios brasileiros. Mesmo presos em unidades de segurança máxima, líderes continuam exercendo controle sobre as operações da organização criminosa, usando redes de comunicação clandestinas para transmitir ordens e articular estratégias.
O episódio também reforça o papel de Naldinho como elo central entre a liderança encarcerada e os grupos operacionais que atuam nas ruas. Sua atuação como canal de comunicação tem sido acompanhada de perto pelas autoridades, que o consideram peça-chave para o funcionamento da estrutura hierárquica do Comando Vermelho.
A Polícia Federal prossegue com as investigações para apurar a veracidade das informações e, principalmente, identificar quem seria o suposto representante do Estado mencionado nas mensagens. A menção desse contato levanta dúvidas sobre a existência de algum tipo de articulação informal entre agentes públicos e o crime, o que, se confirmado, pode ter implicações graves para a segurança institucional.
Enquanto isso, o caso evidencia a complexidade do enfrentamento ao crime organizado no Brasil, onde facções mostram capacidade de mobilização e influência até mesmo durante eventos de grande visibilidade internacional. O episódio serve de alerta para os limites da atuação do Estado e para os desafios estruturais do sistema penitenciário e de segurança pública.
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