Começaram nesta terça-feira as audiências no Supremo Tribunal Federal (STF) com testemunhas de defesa e acusação na ação penal que investiga a suposta tentativa de golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro na presidência. O ex-presidente, réu no processo, acompanha as oitivas por videoconferência, assim como outros acusados ligados ao chamado núcleo do golpe, entre eles os ex-ministros Walter Braga Neto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira.
Confira detalhes no vídeo:
No primeiro dia de audiências, a Primeira Turma do STF ouviu cinco testemunhas indicadas pela Procuradoria da República. Durante um dos depoimentos, houve um confronto entre o ministro Alexandre de Moraes e o ex-comandante do Exército, Freire Gomes. O ministro interrompeu o general ao perceber contradições entre o que ele relatara à Polícia Federal e seu depoimento perante o tribunal, principalmente sobre a participação do ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, em uma proposta para reverter o resultado da eleição presidencial.
Alexandre de Moraes questionou o general sobre a verdade de suas declarações, apontando que ele teria mentido em algum momento, seja na polícia ou no STF. Essa troca evidenciou a tensão durante as audiências e a dificuldade em esclarecer os fatos sob julgamento.
Além disso, a Primeira Turma remarcou para quarta-feira o depoimento do ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Batista Júnior, que é testemunha tanto da Procuradoria quanto das defesas do ex-presidente e de outros ex-comandantes militares. O adiamento mostra a complexidade e o longo prazo que o processo terá para ouvir todas as testemunhas — ao todo, são 82 arroladas.
Outro ponto importante nas investigações envolve o nome de Felipe Martins, acusado de ter planejado uma minuta de golpe que, no entanto, nunca foi apresentada como prova concreta nos autos. A denúncia da Procuradoria da República, que contém 272 páginas, não apresenta esse documento como evidência, levantando dúvidas sobre a existência real da tal minuta.
Durante as audiências, foi destacado que um dos principais depoentes, Mauro Cid, afirmou categoricamente não possuir provas concretas da participação de Felipe Martins no suposto plano de golpe, nem vídeos, conversas ou áudios que sustentem a acusação.
Esse cenário reforça a percepção de que a narrativa do golpe tem sido mantida por quem a defende, apesar da falta de evidências claras e concretas. A situação é vista por muitos como um roteiro já definido, sem espaço para desvios, o que compromete a imparcialidade e a transparência do processo.
Além disso, há relatos de possíveis tentativas de coação de testemunhas, o que levanta preocupações sobre a lisura do julgamento. O ministro Alexandre de Moraes, que também é apontado como vítima de um suposto plano de assassinato dentro do contexto da investigação, tem assumido um papel central, atuando na condução dos interrogatórios. Essa posição tem sido questionada, já que ele acumula funções de investigador e julgador, o que pode configurar conflito de interesses.
O processo contra Jair Bolsonaro e seus aliados promete ser longo e marcado por disputas judiciais e políticas intensas. A sequência das audiências deve aprofundar ainda mais as divergências, enquanto o país acompanha de perto um dos casos mais sensíveis da história recente envolvendo a tentativa de golpe contra a democracia brasileira.
Com o desenrolar do julgamento, a expectativa é que novas provas sejam apresentadas e que as versões dos envolvidos sejam confrontadas, mesmo que o clima de tensão e as controvérsias dificultem a clareza dos fatos para a opinião pública.
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