Enquanto Lady Gaga encantava uma multidão em sua apresentação gratuita na praia de Copacabana, na noite deste sábado, 3 de maio, setores da direita brasileira aproveitaram o momento de grande repercussão para transformar o espetáculo em um terreno de batalha simbólica. O show da artista norte-americana, amplamente comentado nas redes sociais, se tornou inesperadamente um combustível para narrativas políticas impulsionadas por grupos liberais e conservadores.
Confira detalhes no vídeo:
O ponto alto da apresentação — do ponto de vista dos ativistas digitais — foi o momento em que Lady Gaga rasgou um vestido vermelho durante uma de suas músicas, revelando por baixo uma roupa com as cores verde, azul e amarelo. A cena, originalmente parte de uma performance artística, foi rapidamente apropriada por perfis alinhados à direita como uma espécie de “mensagem oculta”, que teria representado um gesto simbólico contra a esquerda. A leitura foi inteiramente baseada na cor vermelha, usualmente associada a partidos de esquerda no Brasil.
A partir daí, as redes sociais foram inundadas por memes, montagens e frases satíricas. Entre as mais compartilhadas estavam postagens como “até a Gaga abandonou o vermelho”, “Gaga patriota” e “Gaga 2026 é Bolsonaro de salto”. O tom foi majoritariamente de zombaria, com os autores das publicações ironizando a esquerda e atribuindo à cantora intenções políticas que nunca foram verbalizadas.
Esse tipo de apropriação simbólica não é novidade. Nas redes, a direita já demonstrou habilidade em capturar eventos culturais de grande visibilidade e transformá-los em componentes de sua estratégia de comunicação. Desta vez, aproveitou o timing para se projetar em meio à massiva atenção midiática voltada ao show de uma das maiores estrelas do pop internacional. Com isso, conseguiu ocupar o debate digital em um tema que, em tese, não tinha relação direta com política.
No Twitter (atualmente X), perfis ligados à direita dominaram as principais hashtags relacionadas ao evento. Vídeos da apresentação com montagens humorísticas, trechos editados e mensagens com viés político figuraram entre os conteúdos mais vistos da noite. No Instagram, a dinâmica foi semelhante, com influenciadores conservadores compartilhando reels e stories destacando o “abandono do vermelho” como um gesto simbólico, ainda que não haja qualquer confirmação ou declaração nesse sentido por parte da artista.
O episódio reforça uma tendência crescente: o uso de momentos de grande repercussão cultural como instrumento de guerra narrativa. Às vésperas do processo eleitoral de 2026, a direita brasileira parece continuar apostando em táticas de apropriação simbólica para manter sua presença nas redes — não apenas em debates políticos diretos, mas também em fenômenos do entretenimento.
Mesmo sem envolvimento político declarado, Lady Gaga acabou, involuntariamente, se tornando parte de mais um capítulo da polarização digital brasileira. Enquanto a artista seguia seu espetáculo, o palco virtual foi ocupado por disputas que mostram como a política, no Brasil, tem se infiltrado em quase todas as esferas do debate público — inclusive na música pop.
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