BRASIL: STF MARCA JULGAMENTO QUE DEVE “REGULAR” REDES SOCIAIS


O Supremo Tribunal Federal (STF) deve retomar no dia 4 de junho o julgamento que pode alterar profundamente a forma como as plataformas digitais operam no Brasil. Em pauta está a análise da constitucionalidade do Artigo 19 do Marco Civil da Internet, dispositivo que estabelece as regras para a responsabilização de provedores de aplicação por conteúdos gerados por terceiros.

Confira detalhes no vídeo:

Criado em 2014, o Marco Civil da Internet foi saudado como um marco legal que equilibrava a liberdade de expressão com a proteção de direitos individuais na esfera digital. O Artigo 19, especificamente, define que provedores como redes sociais, mecanismos de busca e plataformas de vídeo só podem ser responsabilizados por danos decorrentes de conteúdo publicado por usuários caso descumpram ordem judicial que determine a remoção do material. Na prática, isso significa que empresas como Google, Meta, X (antigo Twitter) e TikTok não podem ser responsabilizadas previamente pelo que seus usuários postam.

A atual contestação gira em torno da constitucionalidade desse artigo. Críticos da norma argumentam que o dispositivo favorece a impunidade de conteúdos ilícitos, como discursos de ódio, fake news e ofensas à honra. Defensores do artigo, por outro lado, alegam que qualquer modificação na regra atual pode abrir caminho para abusos e censura, transferindo para as plataformas a responsabilidade de julgar previamente o que pode ou não ser publicado na internet.

A expectativa em torno da decisão do STF é grande, não apenas entre juristas e empresas de tecnologia, mas também na sociedade civil. Caso a Corte considere o artigo inconstitucional, o impacto será significativo. As plataformas poderiam passar a ser responsabilizadas diretamente por conteúdos ofensivos ou ilegais publicados por terceiros, mesmo sem uma ordem judicial prévia. Isso as obrigaria a implementar mecanismos mais rigorosos de moderação, o que poderia levar à remoção preventiva de conteúdos por medo de sanções legais.

Especialistas alertam que esse tipo de mudança pode gerar um ambiente de autocensura, especialmente em temas sensíveis e politicamente polarizados. Como as empresas tenderiam a agir com cautela excessiva, poderia haver a supressão de manifestações legítimas de opinião, especialmente em contextos de crítica ao poder público ou a grupos influentes.

Outro ponto em debate é a viabilidade técnica e econômica de monitoramento em larga escala. Com milhões de publicações sendo feitas diariamente, seria praticamente impossível para as plataformas verificar, sem auxílio judicial, a legalidade de cada conteúdo. Isso traria insegurança jurídica para os provedores e comprometeria o próprio funcionamento aberto e dinâmico da internet como conhecemos.

A decisão do STF será paradigmática e poderá definir os limites entre liberdade de expressão e responsabilidade civil na internet brasileira. Independentemente do resultado, o julgamento reforça a necessidade de uma regulamentação mais clara e equilibrada para o ambiente digital, em consonância com os princípios constitucionais e os desafios da era da informação.

VEJA TAMBÉM:

Garanta acesso ao nosso conteúdo clicando aqui, para entrar no grupo do WhatsApp onde você receberá todas as nossas matérias, notícias e artigos em primeira mão (apenas ADMs enviam mensagens).

Clique aqui para ter acesso ao livro escrito por juristas, economistas, jornalistas e profissionais da saúde conservadores que denuncia absurdos vividos no Brasil e no mundo, como tiranias, campanhas anticientíficas, atos de corrupção, ilegalidades por notáveis autoridades, fraudes e muito mais.

Comentários