Um episódio curioso ganhou destaque nas redes sociais após a advogada Suzana Ferreira relatar um atendimento incomum em seu escritório. Atuando na área de direito digital, Suzana foi procurada por uma mulher que queria entrar na Justiça para garantir a guarda de uma boneca bebê reborn, após o término de um relacionamento. A cliente alegava que o ex-companheiro se recusava a devolver a boneca, com a qual teria desenvolvido um forte apego emocional.
A advogada recusou a causa principal, explicando que não é possível judicialmente estabelecer guarda sobre objetos inanimados. No Brasil, apenas pessoas físicas ou jurídicas têm capacidade legal para adquirir direitos e deveres ou serem representadas em ações judiciais. Bonecas, por mais realistas ou emocionalmente significativas que sejam, não podem ser reconhecidas como sujeitos de direito.
O caso, no entanto, chamou atenção pela complexidade emocional envolvida e pelo ineditismo da situação. Segundo Suzana, além da questão da posse da boneca, havia também um impasse envolvendo o controle de um perfil no Instagram, criado em nome da bebê reborn. A conta reunia seguidores e apresentava conteúdo relacionado ao cotidiano fictício da boneca, o que gerava um tipo de vínculo público e simbólico entre o casal e o objeto.
Diante disso, a advogada reconsiderou parte da demanda. Embora tenha descartado a possibilidade de pleitear a guarda da boneca judicialmente, reconheceu que a disputa pelo perfil nas redes sociais poderia ser legítima. Como a conta tem visibilidade e envolve produção de conteúdo, ela se enquadra no que o direito digital trata como bem digital, passível de reivindicação e partilha.
Após relatar o episódio em vídeo nas redes sociais, Suzana recebeu milhares de visualizações e gerou amplo debate entre internautas. Muitos reagiram com espanto e humor, enquanto outros apontaram para uma nova realidade em que os laços afetivos ultrapassam os limites tradicionais, envolvendo objetos que ganham status simbólico e emocional. O caso também revelou como a exposição digital transforma simples brinquedos em figuras com identidade própria, pelo menos no ambiente virtual.
A boneca reborn, por sua aparência realista e o tratamento que recebe de seus donos, está no centro de uma tendência que cresce, sobretudo entre colecionadores e pessoas que encontram nelas conforto emocional. Embora legalmente não possam ser vistas como indivíduos, essas bonecas acabam ocupando um espaço afetivo semelhante ao de membros da família, o que pode gerar situações como a relatada por Suzana.
No fim, mesmo sem ação judicial formal sobre a boneca, o episódio exemplifica como o direito digital se torna cada vez mais relevante para mediar conflitos surgidos em contextos virtuais e emocionais. Casos como esse mostram a necessidade de compreender e regulamentar, quando possível, as novas formas de relação e propriedade no ambiente online.
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