O governo brasileiro decidiu não aceitar uma proposta apresentada pelos Estados Unidos que sugeria classificar as facções criminosas Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho como organizações terroristas. A sugestão foi feita durante um encontro entre autoridades norte-americanas, ainda na gestão de Donald Trump, e representantes do Palácio do Planalto e do Ministério da Justiça.
Segundo os norte-americanos, reconhecer essas facções como grupos terroristas permitiria uma atuação mais firme contra suas atividades, facilitando a adoção de medidas mais rigorosas, como bloqueio de bens no exterior e parcerias internacionais ampliadas no combate ao crime. Apesar disso, o Brasil optou por não modificar a forma como trata legalmente o crime organizado, mantendo a distinção entre facções criminosas e organizações terroristas.
A posição brasileira leva em consideração aspectos legais e institucionais. A legislação nacional define terrorismo de maneira mais restrita, exigindo que haja motivações políticas, ideológicas ou religiosas. Como o PCC e o Comando Vermelho atuam com objetivos predominantemente econômicos, ligados ao tráfico e à criminalidade organizada, o enquadramento proposto pelos Estados Unidos não se encaixa nas normas jurídicas vigentes no Brasil.
Além do aspecto legal, a proposta também foi vista com cautela por razões estratégicas e diplomáticas. Autoridades brasileiras avaliaram que rotular as facções como terroristas poderia gerar impactos negativos, tanto na esfera interna quanto na relação com outros países e organismos internacionais. Tal medida poderia ser interpretada como uma submissão às diretrizes da política externa dos Estados Unidos, algo que o governo brasileiro buscou evitar.
O entendimento predominante no governo foi de que o Brasil já dispõe de ferramentas legais e operacionais suficientes para enfrentar o crime organizado, mesmo reconhecendo os desafios que essas organizações representam. Ampliar o escopo da legislação antiterrorismo, segundo essa visão, poderia comprometer a coerência do ordenamento jurídico e abrir brechas para abusos de interpretação em outros contextos.
A proposta dos Estados Unidos integra uma estratégia mais ampla adotada durante o governo Trump, que buscava incluir grupos ligados ao narcotráfico latino-americano no rol de organizações terroristas, visando endurecer o combate a essas estruturas criminosas. Ainda que essa abordagem não tenha sido incorporada pelo Brasil, a cooperação bilateral no enfrentamento ao crime transnacional segue em andamento, por meio de acordos e ações conjuntas voltadas ao combate ao tráfico e ao fortalecimento da segurança nas fronteiras.
A decisão brasileira mostra uma preferência por manter sua própria condução das políticas de segurança pública, preservando o equilíbrio entre a ação repressiva contra as facções e o respeito às normas constitucionais. Embora não tenha adotado o rótulo proposto pelos Estados Unidos, o governo reafirmou seu compromisso com o enfrentamento do crime organizado, dentro dos parâmetros legais já estabelecidos no país.
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