Na última segunda-feira (26), a primeira-dama Janja e o ministro da Educação Camilo Santana estiveram em Aquiraz, na região metropolitana de Fortaleza, para uma visita ao projeto “Tapera das Artes”. O que deveria ser uma demonstração de compromisso com a cultura e a educação acabou se tornando um momento que mais pareceu um show do que uma agenda oficial, com os dois políticos participando de uma dança de tango ao lado de palhaços.
O evento contou com apresentações artísticas voltadas para crianças e jovens atendidos pelo projeto, que atua desde 1996 oferecendo ensino de artes e recebe recursos via Lei Rouanet. A iniciativa é importante e merece atenção, especialmente num país onde o financiamento da cultura e da educação enfrenta inúmeros cortes e dificuldades. No entanto, o foco da visita parece ter sido desviado para uma encenação desconectada da gravidade das questões que envolvem esses setores.
A cena de Janja e Camilo Santana dançando com palhaços, ao som da música “Por una cabeza”, executada ao violino, soa como uma tentativa de criar uma imagem leve e simpática, mas acaba minimizando a seriedade dos problemas enfrentados pelas políticas públicas educacionais. Enquanto o país convive com falta de recursos, escolas precárias e defasagem na formação de professores, episódios como esse dão a impressão de que o governo está mais preocupado com a forma do que com o conteúdo.
Essa situação reforça uma percepção negativa que há tempo permeia a política brasileira: a de que momentos importantes são usados para gerar imagens e repercussão, mas pouco se traduzem em ações efetivas para a população. O setor educacional e cultural, em especial, precisa de compromissos concretos e investimentos consistentes, não de encenações que mais parecem peças de teatro.
Além disso, o evento levanta questionamentos sobre a prioridade dada pelo governo a ações que realmente impactam a vida das crianças e jovens que participam do projeto. Se o propósito da visita fosse apresentar medidas e soluções para fortalecer o ensino das artes, isso ficou em segundo plano diante do espetáculo promovido.
A visita também pode ser vista como uma estratégia para humanizar a imagem dos políticos, buscando um contato mais próximo e descontraído com a população. Contudo, essa abordagem não deve sobrepor a necessidade de transparência e responsabilidade na gestão dos recursos públicos, principalmente em áreas tão sensíveis quanto a educação e a cultura.
Em resumo, o “Tapera das Artes” merece mais do que gestos simbólicos. Merece ações concretas que garantam sua sustentabilidade e ampliem seu impacto social. Enquanto isso não ocorrer, eventos que misturam política com espetáculo correm o risco de serem vistos como mera distração diante de desafios urgentes.
O governo precisa superar o teatro das aparências e apresentar resultados reais. Até lá, cenas como a dança com palhaços acabam sendo apenas uma encenação, que pode até divertir por alguns instantes, mas não muda a dura realidade do setor educacional no Brasil.
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