BRASIL: VAZA ÁUDIO DE JUIZ QUE AUXILIOU MORAES


O juiz Airton Vieira, que integrou o gabinete do ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF) entre 2018 e março de 2025, relatou ter enfrentado forte pressão e desgaste emocional durante o período em que esteve na Corte. Em um áudio enviado em 14 de janeiro de 2023 ao então chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Eduardo Tagliaferro, o magistrado descreveu um cenário de estresse extremo e impactos significativos em sua vida pessoal e profissional.

Confira detalhes no vídeo:

A conversa ocorreu poucos dias após os atos de 8 de janeiro de 2023, que resultaram na depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília. O clima de tensão institucional naquele momento, segundo o relato, teria elevado a pressão dentro do gabinete de Moraes, que à época acumulava a presidência do TSE.

Vieira mencionou que a rotina intensa e a necessidade de lidar com processos de grande repercussão teriam comprometido sua saúde física, mental e emocional. Ele afirmou que estava próximo do esgotamento e que a situação também afetou sua família, criando dificuldades pessoais paralelas à função desempenhada no Supremo.

No áudio, o juiz apontou ainda que, mesmo em questões como audiências de custódia, havia interferências que aumentavam sua carga de trabalho e ampliavam o nível de estresse. Diante desse cenário, passou a considerar a possibilidade de antecipar seu retorno ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), onde exerce o cargo de desembargador.

Apesar disso, declarou que não tomou essa decisão imediatamente por receio de que a saída pudesse ser interpretada como abandono em um momento crítico para o gabinete. Segundo ele, a intenção inicial era aguardar uma redução na intensidade dos trabalhos, mas as demandas voltaram a aumentar rapidamente, tornando o ambiente ainda mais difícil.

A permanência, de acordo com o relato, foi motivada também pelo compromisso profissional e pela preocupação em não deixar a equipe desfalcada durante um período de grande exposição e pressão. No entanto, o magistrado reconheceu que o desgaste já havia ultrapassado seu limite pessoal, com impactos acumulados ao longo do tempo.

A revelação traz à tona aspectos pouco visíveis da rotina de trabalho em gabinetes de ministros do Supremo, especialmente em momentos de crise política e institucional. A posição ocupada por Vieira, como auxiliar direto de Moraes, colocava-o no centro de decisões estratégicas e de casos de alta complexidade jurídica, muitos deles com forte repercussão pública e intensa polarização política.

Esse tipo de função exige não apenas conhecimento técnico e dedicação, mas também resiliência para lidar com pressões externas, prazos curtos e exposição constante. O episódio reforça como a atuação no mais alto tribunal do país pode afetar de forma significativa a saúde e a vida pessoal de seus integrantes, mesmo para magistrados experientes.

O caso de Airton Vieira mostra que, além das decisões judiciais e dos embates políticos que cercam o STF, há também um lado humano marcado por desafios, tensões e limites pessoais que muitas vezes permanecem fora do alcance do público.

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