Os protestos se concentraram principalmente nas proximidades do Parlamento Europeu e do Edifício Europa, sede do Conselho Europeu, justamente onde líderes do bloco se reuniam para discutir pautas econômicas e comerciais. Segundo o jornal Politico, este foi o maior ato organizado por agricultores desde a década de 1990, tanto em número de participantes quanto em impacto político.
Durante a manifestação, o clima ficou tenso. Manifestantes queimaram pneus, lançaram objetos e entraram em confronto com a polícia belga. As forças de segurança usaram gás lacrimogêneo e canhões de água para dispersar os protestos em pontos específicos da cidade. Não houve confirmação oficial de feridos graves, mas o confronto gerou cenas de caos e reforçou o nível de insatisfação do setor agrícola.
Os agricultores afirmam que as atuais políticas agrícolas da União Europeia estão tornando a produção inviável. Entre as principais críticas estão as exigências ambientais consideradas rígidas, o aumento de custos de produção, a redução de subsídios e a concorrência desigual com produtos importados de países fora do bloco. Para eles, as regras impostas pela UE não levam em conta a realidade do campo.
O possível acordo comercial com o Mercosul foi um dos principais alvos do protesto. Agricultores europeus temem que a abertura do mercado facilite a entrada de produtos agrícolas da América do Sul, especialmente carne e grãos, a preços mais baixos e com padrões ambientais e trabalhistas considerados menos rigorosos. Segundo os manifestantes, isso colocaria os produtores europeus em desvantagem competitiva.
Líderes do movimento afirmaram que o acordo ameaça diretamente a sobrevivência de pequenas e médias propriedades rurais. Eles defendem que a União Europeia priorize a produção interna e proteja os agricultores locais, em vez de ampliar acordos que, segundo eles, beneficiam grandes empresas e enfraquecem o setor agrícola tradicional.
O bloqueio de ruas com tratores causou transtornos no trânsito e afetou o funcionamento de instituições europeias. Autoridades locais recomendaram que moradores evitassem circular pelo centro da cidade ao longo do dia. Algumas reuniões foram atrasadas ou remarcadas devido à dificuldade de acesso aos prédios oficiais.
Representantes da Comissão Europeia afirmaram que acompanham a situação, mas reforçaram que as políticas agrícolas e comerciais buscam equilibrar sustentabilidade ambiental, segurança alimentar e competitividade econômica. Ainda assim, reconheceram que o diálogo com o setor agrícola precisa ser aprofundado.
O protesto em Bruxelas se soma a uma série de manifestações semelhantes ocorridas ao longo do último ano em países como França, Alemanha, Espanha e Itália. Em todos esses casos, agricultores têm demonstrado insatisfação crescente com as diretrizes da União Europeia.
A mobilização desta quinta-feira reforça a pressão sobre os líderes europeus em um momento decisivo. O recado foi direto: sem mudanças concretas na política agrícola e sem garantias contra os impactos do acordo com o Mercosul, os protestos devem continuar e ganhar ainda mais força.
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