Uma análise do debate da TV Arapuan (segundo turno)


No primeiro debate do segundo turno, entre Nilvan Ferreira (MDB) e Cícero Lucena (Progressistas), ocorrido na última terça-feira (17) na TV Arapuan, foram esboçadas as estratégias que provavelmente guiarão ambos os candidatos, tanto para criticar o adversário quanto para se apresentar à população. Foram abordadas propostas e questões relativas aos currículos, passado e alianças dos prefeitáveis.

O que parece claro é a proposta de Cícero em se colocar como "o gestor", inclusive usando terno pela primeira vez em um debate desta eleição, ao mesmo tempo em que tenta vender a imagem de Nilvan como aventureiro e ator. Se no primeiro turno o líder das pesquisas priorizava a estratégia de parecer mais jovem, simples e discreto, a fim de consolidar sua posição, sobretudo entre os eleitores mais pobres, e atrair aqueles com menos idade, agora o foco é assumir de vez a liderança das intenções de voto da classe média, onde foi vice-líder na votação do dia 15. Ele, quase a todo momento, no debate, usou o fato de já ter sido prefeito como forma de garantia para cumprir as atuais promessas de campanha.

Nilvan aparentemente começou sua exposição retórica um pouco nervoso, sendo abstrato em excesso em sua apresentação, mas passou a adotar uma linha mais objetiva a partir de então, apontando os famosos gargalos da gestão de seu oponente, a exemplo do viaduto Sonrisal e do conjunto habitacional Torre de Babel, como forma de mostrar que a experiência dele como gestor não foi boa para a cidade. Colocou-se como "o novo" para João Pessoa, ressaltando sua equipe técnica e contrastando-a com o fato de Cícero ter se aliado ao governador João Azevêdo (Cidadania), investigado na Operação Calvário, e ao Progressistas, seu partido, que conta com a liderança de um dos mais influentes caciques da política paraibana, Aguinaldo Ribeiro, visto por boa parte do eleitorado como um ícone da velha política. Tais alianças implicaram numa expectativa de que a prefeitura será loteada em seus cargos para os referidos grupos políticos, algo que foi explorado por Nilvan, mas rechaçado por Cícero de forma muito sucinta. Apesar de o candidato do MDB também ser investigado, sobre suposta prática de estelionato e venda de roupas falsificadas, sentiu-se à vontade em tocar no assunto de processos judiciais para acusar seu oponente, que por sua vez apenas insinuou que "seria melhor" para Nilvan "não falar nesse assunto" e apelou para associações muito distantes, como o ex-deputado federal Eduardo Cunha (ex-MDB-RJ), para imputar suspeitas de corrupção nele. Esta última postura provavelmente se deu por conta da gravidade consideravelmente menor do processo que Nilvan responde em relação aos que Cícero e seus aliados respondem, podendo gerar maiores complicações no embate caso optasse por aprofundar o assunto das investigações.

Outro destaque de Nilvan foi a pauta do lockdown, na qual firmou o compromisso de não promover em nenhuma hipótese o fechamento do comércio, enquanto seu adversário, Cícero, se esquivou e apenas afirmou que "tomará a melhor decisão" para João Pessoa. Esse parece ser um dos maiores calcanhares de Aquiles de Cícero, que pode inclusive fazer com que perca território no eleitorado de classe média. Os principais aliados dele, sobretudo no governo do estado, são adeptos e praticantes da política de lockdown.

Em termos de propostas, ambos expuseram ideias semelhantes, que pareciam ter sido colocadas de forma que competissem umas com as outras sobre quais iam mais a fundo no mesmo modelo de gestão. Medidas "em favor" do meio ambiente, dos animais, do crédito fácil com dinheiro público, etc.. Em termos administrativos, não houve praticamente nenhuma divergência essencial entre o que foi apresentado pelos candidatos, embora os planos de governo de ambos sejam, na parte ideológica, sensivelmente diferentes entre si, algo que deve ser mais bem explorado nos próximos debates, principalmente por Nilvan, que deve usar pautas de esquerda do programa de Cícero, como ideologia de gênero, política de cotas e afins, para jogar a classe média contra ele.


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